segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Lançamento de Antologia Poética

Nesta quarta-feira (15) ocorrerá mais uma edição do SARAU ÁGORA, no espaço cultural Boi Bumbá, a partir das 20:30, com o lançamento de uma antologia poética, destacando a poesia dos poetas que foram homenageados pelo Ágora durante o ano de 2010.

Poetas de União

Pedindo perdão aos nossos internautas de plantão, pelo atraso na atualização do blog, retomamos as atividades blogueiras com a exposição de um comentário crítico do poeta João Batista de Carvalho sobre a poesia dos poetas homenageados na edição do sarau de Novembro: os poetas de União Marcos Roberto e Marcos Antonio (Marcão). Assim como, com a mostra de alguns poemas.


DOIS MARCOS NO ÁGORA

Ao homenagear estes dois poetas de União (Marcão e Marcos Roberto), o Sarau Ágora reafirma aquilo que o tem destacado dos demais eventos literários do Piauí, que é a busca pela revelação de poetas da capital e do interior. Reafirma também sua trajetória de resistência e perseverança com a própria Poesia e o que esta pode suscitar de beleza e alegria aos que sabem que a vida é mais vida quando reinventada pela palavra.

Ambos ainda inéditos em livro, Marcão e Marcos Roberto são representantes da boa safra de poetas que vem surgindo em União, nos últimos anos.

Ler alguns poemas do Marcão é como entrar, à noite, no último quarto de uma casa abandonada e, de repente, ouvir uma voz soltar murmúrios e gritos acumulados de sonho e solidão; uma voz que, vez em quando, durante o dia, vai até o pátio ensolarado das palavras e, usando-se daquelas que lhe são mais necessárias, enfeita seu quarto de Poesia, porque é disto que as palavras lhe servem: de abajur.

Em Marcos Roberto, alguns poemas têm como eixo a metáfora do bar. Mas não de um bar onde se exila e se busca fugir dos dramas e tramas da vida. Ao contrario, o bar de sua poesia é puro reduto de resgate do que é essencial para a convivência com o outro e consigo mesmo. Nele há muito que se provar, inclusive doses de erotismo, de devaneio, de considerações sobre a condição de homem e de poeta...

Dois poetas: dois rios cujas águas procuram o mesmo Mar-Poesia, e que, ao juntarem-se neste Mar-Ágora, formam uma espécie de Delta, exibindo então essas vinte ilhas-poemas, nas quais o leitor (aventureiro que é por natureza) poderá brincar de mergulhador, de pescador, ou até quem sabe deixar-se seduzir pelas sereias maliciosas que moram e cantam nessas águas.

Dois Marcos: dois arcos que ora se retesam com a flecha da palavra em riste rumo ao alvo, que é a sensibilidade e a inteligência que mora em ti, amigo leitor, a quem, embora sendo seletivo e podendo, assim, muita vez desviar-se de certos textos, humildemente peço para receber, de alvos abertos, as vinte flechas-poemas que ora estão sendo atiradas por meio desta cartilha.

João Batista Sousa de Carvalho


MARCOS ROBERTO DE SOUSA BRITO

Marcos Roberto de Sousa Brito, unionense de nascimento e coração, é casado e pai de duas filhas. Ou seja, ladeado por mulheres que lhes são inspiração e vida.
Funcionário Público Municipal, técnico em contabilidade, é estudante de Pedagogia na UESPI, tendo já “desistido” do curso de Letras, também na UESPI. Aprovado, vai começar Matemática pela UFPI.
17 de Dezembro fará 39 anos.
Bem vividos.
Aprovado para professor, ainda não teve coragem de se efetivar. Lecionou no Estado, e, embora seja sua paixão, junto com a literatura, constata:
“Embora as letras sejam minha paixão, são os números que me sustentam”.




DEFINA-ME

Me defino
Como olho para mim.
Por fora, pouco, fino,
Menino.

Por dentro
Não me olho,
Me sinto...

Mais amargo que absinto
Velho,falho,
Sozinho!

Não me defino
Com o que sinto,
Nem mesmo sinto o que realmente sinto.

São fugazes os meus sins
São efêmeros os meus nãos.

Quem sou eu?

Por fora um menino
Por dentro um ancião...

E na cabeça de ambos
Uma identidade: poeta!
Sem luz, sem pena, sem voz...


O ANTI-HERÓI

Ele tinha em mim um herói.
Eu não era. Era fraco,
Nunca tive sua força.

Sempre nas brincadeiras,
Eu era mocinho.
Ele queria que eu fosse do bem.
Ele não era vilão.
Sempre me julgou bonito.
O satisfiz.
Resgatando a pretensa beleza
Em suas netas.

Ele me quis intelectual.

Isso fui... nos bares que ele sempre combateu
Mas, que não pôde se afastar.

Até o último minuto
Fui filho sem saída
Fui guerra vencida.

Fui único, na ingrata posição
De representar o papel de “Quixote”
Para continuar brigando com os moinhos
Que o atormentou a vida inteira...


MARCOS ANTONIO RODRIGUES SILVA (MARCÃO)

Natural de Teresina, mas há quinze anos reside na cidade de União.
É Técnico em Eletrônica. Foi militante do Movimento dos Estudantes Secundaristas no inicio dos anos 80, chegando a participar da criação da UMES (União Municipal dos Estudantes Secundaristas) e fundar o Grêmio Estudantil do Colégio Estadual Zacarias de Góis (Liceu Piauiense), presidindo a sua direção por um ano, depois de ter participado do 25º Congresso da UBES (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas), em Juiz de Fora/MG.
Já teve um de seus poemas publicado no Jornal Ágora.
Participa da cena cultural da cidade de União, onde com alguns amigos criou o fan-zine “O Último Número”, veículo divulgador de poesias e outros gêneros, que atingiu oito edições. Foi premiado no Festival TRIDIART (Festival de Artes de União), obtendo o 2º lugar na categoria Poesia. Está prestes a fundar um espaço cultural, que leva o nome da fazenda que deu origem à cidade (Espaço Cultural Estanhado).
Está em vias de publicar seu primeiro livro de poesia.





FATIAS DESIGUAIS

Teu mundo é feito de coisas grandes
O meu, de coisas pequenas
Tu tens todas as noites de lua cheia
Eu, apenas um quarto minguante
Iluminado por estressados vaga-lumes...

Por aí tu vês o quanto é grande
A carência desse mísero coração
Que ainda assim sonha de boca aberta
E se alimenta à conta gotas
A cada momento que teu lindo rosto
De perfil, passa por aquela janela.


DISPUTA

Na altura deste campeonato
Só não quero correr o risco
De cair fora
Dos teus braços.

















segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Poetas de União

Nesta quarta-feira (24) ocorrerá mais uma edição do SARAU ÁGORA, no espaço cultural Boi Bumbá, a partir das 20:30, desta vez homenageando os poetas, da cidade de UNIÃO, Marcos Antonio Rodrigues Silva (Marcão) e Marcos Roberto de Sousa Brito.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Poesia de Nilson Ferreira

NílsoN CordeirO FerreirA (NOA)

Nasceu em Teresina/PI (27.10.1961), graduado em Licenciatura Plena em Letras, com Especialização em Língua Portuguesa (UNISA/SP), professor de Língua Portuguesa (desde 1980) e produtor cultural há 30 anos: Semana Cultural (Colégio Diocesano, 1983/85), 1º ENECOJE (Encontro Nacional de Estudantes de Colégios Jesuítas, 1985), CAOLTURAL (Semana Cultural do Colégio Objetivo, Parnaíba/PI, 1994/96), Passando a Língua (programa de rádio sobre a Língua Portuguesa, na FM Vitrine (1999), FM Cultura (2003), Rádio Antares (2005/06), LiteraCultura (literatura, música e cidadania, 2002/04), Passando a Língua (coluna semanal no jornal Diário do Povo, 2003/04), Língua-de-Trapos (exposição de fotos com erros gramaticais, desde 2003), Salão do Livro do Piauí – SALIPI (coidealizador e um dos coordenadores), Língua Solta (coluna com dicas de Português, Jornal O Dia, 2005). É copidesque e Consultor Linguístico e Estilístico (TV Clube/Rede Globo, Grupo Cacique, Revistas Direito Hoje, Mundo Empresarial, Mercado do Imóvel e Clube A. Apresentador do quadro Dicas de Português, no Piauí TV 1ª Edição (TV Clube/Rede Globo). Presidente da Seletiva Estadual do Soletrando da Rede Globo (desde 2007), Coordenador de Literatura Infantil do Programa Primeiro Aprender no Piauí (UNICEF/UNDIME-PI). Estreou como editor com o livro Agentes Públicos, a conduta no período eleitoral, de Marcus Vinicius F. Coelho, Editora Práxis, 2004. É autor dos livros: Proposta Decente, 69 poemas eróticos (poesia, Aboio Edições, 2007), Quase Hai Kai (poesia), Glossário Etimológico (apêndice do livro Agentes Públicos, a conduta no período eleitoral), Educação Fiscal (GEFE/SEFAZ-PI, 2005), Estas Flores de Lascivo Arabesco (coautor, Fundação Quixote/Governo do Estado do Piauí, 2008), Manual da Nova Reforma Ortográfica da Língua Portuguesa (Aboio Edições, 2009), tem vários materiais publicados em jornais e revista do Piauí e outros no prelo.

E-mail: noa.nilsonferreira@hotmail.com / Site: www.nilsonferreira.net



Solidão

Lento moinho
gira,
sobe,
desce.

Deusa noturna
indiferente à dor;
a que faz do verso
o anverso,
o inverso
e vice-verso.

Numerosas vidas,
inúmeros moinhos,
raros Sanchos,
preciosas Dulcineias,
alguns Cervantes,
incontáveis Quixotes...


Perdas & Ganhos


No principio,
carentes náufragos,
partilhamos momentos,
somando mágoas,
acumulando indiferença.

Depois,
tornamo-nos estranhos,
sem cumplicidade,
sem passionalidade.

Restou o compromisso,
covardes,
o cio em ócio.

Dói arrumar a mala,
cair fora,
em-boa-hora.

Dão medo o fim e o recomeço,
mas tudo tem sua hora:
- que seja agora!


Caminho para as Índias


O branco europeu aporta em nossas costas!
Eis que se deu o primeiro coito anal da Ameríndia.

No afã de embrenhar-se em nossa mata virgem,
desavergonhadamente instituíram o ato sifilítico.

A abstinência da travessia de além-mar
apimentada pela insaciável libido expansionista
fê-lo recorrer a práticas neocanibalistas
às escuras...

Essa sádica globalização sebastianista tornou-se o protótipo
de cenas eróticas para a novela global das oito,
na melhor de quatro.



Preciso que me beijes


beija o beijo
que dure a vida inteira
beija o beijo
que valha a hora derradeira
preciso que me beijes
para arrefecer a ânsia por partir
em mim
beija-me sem fim

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Sarau

A edição do sarau Ágora que destacou a poesia do poeta Nilson Ferreira despontou como forte expressão artística para o movimento literário Ágora. Embalada pela música da dupla Enice e Vanessa, a noite selou o reconhecimento do público apreciador e leitor de poesia ao movimento, através do envolvimento das pessoas encantadas com o congresso de poetas servindo o prato fundo da arte poética, degustando os mil sabores da palavra. O sarau vem se firmando como um momento de encontro de artistas, que interagem, no mesmo plano, com amantes da arte, que por esse amor, também se fazem artistas. Nas quartas de poesia, o espaço cultural Boi Bumbá tem se tornado um verdadeiro celeiro da arte. São várias e diversas as manifestações artísticas que povoam o evento.

Fotos

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Quarta de poesia

Nesta quarta-feira (27) acontecerá, no espaço cultural Boi Bumbá, mais uma edição do sarau Ágora, a partir das 20:00, desta vez destacando a poesia do poeta Nilson Ferreira, por meio de uma seleção de poemas em forma de livro. Como de costume, o espaço de expressão poética é democrático, portanto carreguem vossas algibeiras e levem vossos alforjes de poesia.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Sarau Ágora nesta quarta-feira (29) no Boi Bumbá

Atenção poetas e amantes da poesia de plantão! Nesta quarta-feira (29) acontecerá, no espaço cultural Boi Bumbá, a partir das 20:00, mais uma edição do sarau Ágora, evento literário que congrega, na sala da arte poética, os novos tempos da Literatura de expressão local, estabelecendo um diálogo permanente entre poetas e leitores. Esta edição prestará uma homenagem ao poeta João de Carvalho Fontes, através do lançamento de um opúsculo antológico, que apresenta a perenidade e a luminosidade da obra do poeta, contendo também a publicação de novos poemas. A noite será embalada pela música de Jorjão e Darlene. O espaço de expressão poética é democrático, portanto carreguem vossas algibeiras e levem vossos alforjes de poesia.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Pedro II

Na rota da cultura, o Ágora esteve novamente na cidade de Pedro II, desta vez para conhecer o espaço cultural Museu da Roça, localizado numa adormecida zona de mineração de Opalla. Uma grande iniciativa dos organizadores, pois além de funcionar como mosaico da história piauiense, o museu trabalha com consciência ecológica, valorizando a mãe natureza, firmando-se também como parque ambiental, e preserva elementos e utensílios ontológicos de enorme importância para a história do nosso estado. O Museu conserva um dos poucos Santuários ainda existentes no mundo, dando também tônica à devoção e fé. O santuário é encantador, emana uma aura divina, causando uma sensação de paz espiritual, onde a alma, imaculada, parece levitar no espaço, sobre as águas cristalinas da fonte que brota em cascata de uma rocha que fica ao lado do santuário, como se pode notar nas sensações reveladas nos seguintes poemas:

SANTUÁRIO
Ao Museu da Roça
(Pedro II)

num santuário
concebido pelos santos
a santa Teresinha
milagreira da Roça
fiz meu pedido de paz

imerso agora
em águas cristalinas de fonte
que brota da rocha em cascata
a alma sem nenhuma mácula
respira o ar da tarde
na hora do ângelus

João de Carvalho Fontes
Edilberto Vilanova

OPALLA

A Pedro II

a ferro e fogo
homens lapidaram a pedra
que adorna o corpo de marias
de Matões à Austrália

pedra de garimpo lapidada
também é minha alma nesta hora
vestida de luz e cores
como a opalla da Roça

Edilberto Vilanova
João de Carvalho Fontes

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Homenagem "gramminha"

CONSIDERAÇÕES

Nos idos de 70, jovens enverdecidos pela Grama da praça da “liberdade” cortaram as amarras e hastearam a bandeira de cabelos longos contra os ventos, “sem lenços e sem documentos”. Não por ufanismo, mas pelo desejo de disseminação das descobertas e das peripécias de um mundo fantástico chamado cultura, com todo o seu acervo de simbologias e miscigenação, sem, contudo se tornarem estanques. Cavaleiros da ordem da libertação. “Eles não queriam saber de nada que não fosse libertação.” Libertação de tudo: de pensamento, regras, normas, formas, inventando novas auroras nos círculos pintados com sangue e coragem, reinventado o mundo da comunicação, senhores do verbo encantado, caçadores de prosódias, envergadores de palavras. Porque era preciso escrever como se estivesse “rasgando os corações” e “desfibrar, fibra por fibra os corações”: a ordem do dia era escrever, pois toda palavra, mesmo que calada, era uma cilada. Entretanto, mesmo subvertendo e transgredindo as imposições do sistema vigente, não traçaram as veredas das incertezas, sendo que tinham plena consciência do que estavam fazendo e utilizavam o espaço gráfico do papel como fábrica de ideias, o mimeógrafo tornou-se um verdadeiro congresso das artes, não bastava só deglutir, mas também regurgitar o jornal, quente e Multifacetadamente impresso em um novo formato.

O comentário acima trata de nomes que apregoaram novas páginas na cultura e na história do Piauí: os editores do jornal alternativo “Gramma”, que circulou por nosso solo em duas edições, 71 e 72. A segunda, homenageando Torquato Neto, grande contribuinte e amigo dos editores do jornal.

O Ágora homenageou, nesta edição,desta vez no espaço cultural Boi Bumbá, a magnitude poético de três nomes emblemáticos do movimento Gramma: o poeta e publicitário Durvalino Couto Filho, o poeta e psiquiatra Edmar Oliveira e o poeta e jornalista Paulo José Cunha, acrescido da poesia de Torquato Neto, pela história no processo de construção do grupo. O Gramma, não somente para Piauí, mas também para o Brasil, além de representar a renovação e a introdução de um novo modo de escrever, representava ainda a resistência ao universo político-cultural da época, já que, em contrapelo assolava o nosso país os anos de chumbo do regime ditatorial, uma ferrugem na engrenagem da história nacional. “Tempo de absoluta negação”, no qual a vida tragava-se na fumaça das horas medrosas, nas explosões que tangiam os homens pras lonjuras e quebravam o silêncio de quase um minuto dos dias vermelhos, onde os homens evaporavam com gosto de gás. Porém, mesmo com tudo isso, era preciso escapar com vida, e a palavra escrita era a única saída.

E foi através do verbo estilhaçado que os “Grammistas” se reinventaram e fundaram um estado interessante, um país interessante.




DURVALINO FILHO


O REI ESTAVA ENSIMESMADO



O rei estava ensimesmado,
De sua boca nada se ouvia
- nenhuma ordem para hoje,
nenhum enforcamento.
Não foi cobrado o dízimo da noite.
Um escândalo arrebentou na economia
e não foi liberado o pensamento
porque o rei havia-se calado
e o país inteiro adormecia.

O enclausurado urrou por entre as grades.
Mil acidentes com os bóias-frias.
O bispo fiou celerado, possesso
e o diabo rezou a ordem do dia.
Na iniciativa privada
forjaram-se falências desastrosas
com a nudez do rei que só ouvia.

Mataram cães de estimação
em mansões de beira-rio.
Comunidades se desintegraram,
crianças tornaram-se desafio
e a nudez das mulheres
virou prato do dia.
Adeus, véus de Alexandria!

Não houve festas nas periferias
e as mentiras aumentaram em abril.
Até que o rei declarou
num assomo de agonia:
“Nada mudou no Brasil.”


ANÓIA
(A leviandade)

Dito escravo da família,
ao trabalho devotado
- um barnabé pontual,
lambe-botas renitente
inda metido a janota
- o promissor candidato
a deputado federal
contava horas longas
separando-o de Brasília,
onde se instalaria
num “funcional” arretado
com todas as regalias.
Agora fazia carreira
no engole sapos e verbas
na Grande Secretaria.
Sua mãe não esperava
que um astuto inimigo
aplicasse àquele filho
o golpe definitivo:
apesar das preferências
que aludia ter feito
pelas donzelas fogosas
toddy-criadas ao leito,
seria espalhado na city
para fim de seu eldorado:
- “Senhoritas, infelizmente
o secretário é viado!



EDMAR OLIVEIRA


CANTO EM TERESINÊS


das carnaúbas da minha terra

quase em disco de cera escutei

minha bandeira verdamarela

carnaubei palmeira bela

no porenquanto dos meus momentos

morrurubú de tantos ventos

gregoriei de água e vela

e aprofundei minh'alma nela

cidade em rio mergulharei

crispim do mar que nunca erra...


CEGUEIRA


Como me apercebo da tua presença
Que se coloca maior que as outras
São sombras e a tua imagem

Mesmo que já não me vejas
Te guardo assim
Na minha retina
Sobreposta às outras imagens
São teus, meus olhos...


PAULO JOSÉ CUNHA




Este primeiro poema é pré-Gramma. Foi escrito em 68 (eu tinha 17 anos), e até hoje é inédito:


NA CURVA DA ESQUINA
(1968)

Na curva da esquina a vida é calma
E é urgentemente necessário gritar bem alto
A nossa maturidade.
Na curva da esquina a vida é calma
Mas é urgentemente necessário ter coragem de quebrar a imagem do santo
Na curva da esquina a vida é calma
Mas é urgentemente necessário não ter medo da orfandade.
Na curva da esquina a vida é calma.
Mas é urgentemente necessário fazer a curva da esquina
E amar como homem
Não como discípulo.
É necessário dobrar a esquina da revolta e
Ser matéria, simplesmente matéria, nada mais do que matéria.
É urgentemente necessário amar a mulher nua.
Não a imagem de Deus.
É urgentemente necessário dobrar a curva da esquina
Porque só na curva da esquina a vida é calma.



CHEGUE


Não diga nada, não bata na porta.
Não traga nada nas mãos:

Chegue.

E espalhe os olhos sobre os móveis,
sobre os pratos, sobre a cama.

Chegue.

Como quem foi comprar cigarros,
receber a correspondência,
ou atender à campainha.

Chegue.

Como essas flores
que chegam de repente,
e quando menos se espera
é primavera.

Chegue.

Assim, bem devagar,
sem pressa alguma,
como se não precisasse chegar.

Chegue.

Apenas chegue,
e diga alguma coisa em meu ouvido,
como se nunca tivesse saído.



TORQUATO NETO




CHAPADA DO CORISCO

Se eu disser que quero ir até
Do outro lado do mar
Não acredite
Eu vou querer
Ficar

Se eu disser que quero ir até
Do outro lado de lá
Não me pergunte
Não vou querer
Falar

As sete Cidades mortas
Sete pedras, sete portas
No caminho da chapada do corisco
De onde eu vim

Meu lugar é minha vida
Esta noite é tão comprida
Tão antiga, ai de mim

Oh, se eu disser


TOADA


Nos campos da minha terra
Passei o tempo em remanso
Pelas ramas da alegria
E eu te via clareando, e eu te via clareando
A manhã que já nascia
Rodeada pelo cheiro
Do alecrim que te vestia

Ê minha terra, ê minha vida
Que é feito dessa morena
Que partiu e sem despedida

Morena faz tanto tempo
Que eu não te vejo passar
Rosa aberta pelo vento
Flor bonita margarida
Ah morena, aquele tempo
Não precisava acabar

Ô minha terra, ô minha flor
Que é feito da minha vida
Que é feito do nosso amor.

Por isso eu canto agora
Essa toada mais triste
Pra te dizer que demora
Que mora dentro do peito
Uma saudade que insiste
Em te ver clareando
Em te ver clareando
As manhãs de onde fugiste.












terça-feira, 24 de agosto de 2010

Repente

Justificando a proposta de valorizar os artistas locais, o sarau Ágora do mês de Julho, esfolheou os cancioneiros populares da Literatura de Cordel e prestou uma bucólica homenagem aos repentistas oriundos de Várzea Grande: Edmilson Ferreira e Zé Ferreira e ao repentista radicado em Amarante: Eduardo Persa.
Considerações biográficas e amostra poética:

Edmilson Ferreira dos Santos, 37 anos, iniciou na arte da cantoria aos 12 anos de idade, e profissionalizou-se como repentista na cidade de Oeiras- PI, no ano de 1988, ao lado do irmão Zé Ferreira, com quem formou sua primeira dupla e com quem publicou, em 1989, já residindo em Teresina, o livro “A Viagem de Um Matuto”. Desfeita a dupla em 1991, Edmilson Ferreira partiu em busca de novas experiências. Trabalhou em vários programas radiofônicos, nas rádios: Rural de Mossoró, Cuturité, em Campina Grande, Cultura, em São José do Egito. Atuou no filme Muiraquitan, do cineasta Sérgio Bernardes, em Pombal – PB, em Maio de 2002, e no projeto Alvorada do governo do estado do Pernambuco, em convênio com a UNESCO, em 2003.
A convite da associação CORDAE/La Talvera, participou de uma temporada de cantoria na França, em outubro de 2001, atuando em cidades como: Marseille, Toulouse, Albi, Bordeaux e Paris. Possui trabalhos publicados nos seguintes livros: “A fortuna de Repente, De Repente Cantoria, Versos Itinerantes, Anais do Grande Encontro de Poetas e Repentistas, Uma Noite Estrelada de Poesia em Pombal, Sonetos de Cantadores, Brazilian Music: Northeastern Traditions and the Heartbeat of a Modern Nation e Thèse pour lê DOCTORAT DE L’UNIVERSITÉ BORDEAUX 2”.
É formado em Letras (português, inglês e francês), pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), e reside atualmente na cidade de Recife-PE, onde atua em parceria com Antônio Lisboa.

FAZENDEIRO VIRTUAL

Como é ótimo brincar de fazendeiro
ter cavalos, galinhas e ovelhas
peixes, pássaros, jardins, flores e abelhas
onde o próprio cenário exala cheiro

Quem vier visitar faz paradeiro
num cenário poético sem parelhas
harmonia do piso até as telhas
onde as coisas existem sem dinheiro

Essa simples fazenda me parece
o refúgio da vida sem estresse
e o abrigo da biodiversidade

Quero nela entender cada animal
começar fazendeiro virtual
e terminar fazendeiro de verdade

José Ferreira dos Santos, “Zé Ferreira”, canta profissionalmente desde os 16 anos de idade. Em dupla com o irmão Edmilson Ferreira, foi campeão estadual num dos maiores festivais piauienses de repentistas, no ano de 1989, e em 2002 participou do XVII torneio de repentistas de Olinda- PE, com os maiores cantadores do nordeste, obtendo mais uma vez o primeiro lugar. Participou do projeto Alvorada do governo do estado de Pernambuco, em convênio com a UNESCO. Trabalhou em várias emissoras de rádio, como: Rádio Rural de Mossoró, Rádio Sertões, de Mombaça, no Ceará, dentre outras. Percorreu o país de ponta a ponta, divulgando a cantoria de viola.
Mantém hoje, um programa na Rádio Vale do Canindé, em Oeiras- PI, onde reside.

SONETO DE MASTURBAÇÃO

Entre quatro paredes do meu teto
sufocando o desejo reprimido
sinto-me, pela falta de afeto
um escravo do sexo proibido

Faço a imagem do corpo que despido
deixaria o meu ego mais quieto
ligo logo o chuveiro e vou direto
ao ponto sensível da libido

Quando a mão oscilante intensifica
a saliva amornada lubrifica
o invólucro do órgão genital

E após cada sessão de fantasia
reconheço que fiz com quem queria
a melhor relação sexual

Eduardo de Magalhães de Sousa Persa nasceu no Rio de Janeiro, a 17 de Agosto de 1956. Ainda aos 14 anos de idade, inconformado com a vida burguesa, abandonou a família, vindo a instalar-se nos arredores de Amarante, onde vive até hoje. Apaixonou-se pela Literatura de Cordel. Sua educação literária é fruto unicamente de suas leituras e de suas reflexões. Rebelde, Eduardo tornou-se severo com as mudanças de vida, é apenas lavrador, lavrador da terra e das palavras.

O AUTODIDATA

Na noite severa, coberto de estrelas,
ainda cansado do campo, da lida,
nas páginas velhas, à luz de umas velas,
do mundo distante, vou lendo essa vida.

Daqui do meu rancho tão calmo e sereno,
conheço seus casos, prazeres e dores.
ensinam-me tudo do mundo pequeno
meus doces amigos, fiéis professores.

Eu saio em viagem por eras antigas
mergulho pasmado também no presente;
no triste passado sei bem das intrigas
e no nosso tempo, do homem carente;

Eu sei das conquistas, das guerras banais,
do Deus que protejo, dos deuses antigos,
de acordos formados, de quebra de paz;
ensinam-me tudo meus doces amigos.

Não quero na vida senão a palavra
contida nos livros, jornais e revistas,
a enxada pesada na terra, que lavra,
cantar com as rimas as minhas conquistas.

Meu campo florido, meus livros tão belos,
meu Deus adorado – meu doce destino! –
eis quanto consolo no meu peito tê-los!
com eles aprendo, com eles ensino.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Clube Ágora no festival de cultura de S. Mendes


João de Carvalho Fontes, Abegail Mendes e William Melo Soares

Poetas:
William Soares,Rogério Freitas, Márcio Mendes e Edilberto Vilanova

Banda Uns Pereira da Silva:
Teté, Dudu e Dodó

Poeta e compositor Weslei Rodriguês

Poeta João de Carvalho Fontes,
lançando o projeto poesia na camiseta

Poeta Márcio Mendes, Abegail Mendes e Edilberto Vilanova

Na Rota da Cultura

Certa feita, H. Dobal, poeta que engendrou a matriz inovadora da poesia piauiense, inferiu, ao refletir a respeito da função da poesia, que se a mesma servisse apenas para fazer amigos já justificaria sua função. Talvez seja esta a função de força maior da arte: fazer amigos. E partindo deste pressuposto a arte, pondo aqui de forma específica a arte poética, gera um amálgama de ações multifuncionais com o poder de descerrar significativas mudanças numa sociedade, já que o agente destas mudanças é o ser humano consciente do seu papel no espaço cultural que está inserido.

Em sua nova andança, o Clube Ágora aportou na cidade de Simplício de Mendes, no festival de cultura da cidade: o terceiro Simplificado, onde expôs a publicação da nova edição do jornal alternativo: Ágora, e a convite da organização do evento realizou um sarau lítero-muiscal, homenageando os poetas da terra: Weslei Rodriguês, Márcio Mendes (DODÓ) e Sebastião Mendes (Tião).

A realização do sarau em S. Mendes despontou como consequência da amizade de poetas que se encontraram nas veredas do mundo e se fizeram amigos, companheiros de arte e vida. No cenário cultural do festival fundiram-se diversas cabeças, de diferentes produções poéticas no prato fundo da poesia: coabitaram o mesmo espaço: o clássico, o experimental e o regional; poetas consagrados e insurgentes, estabelecendo um intercâmbio entre poetas de Simplício Mendes, Oeiras e Teresina.

A ação da organização do festival é louvável, visto que S. Mendes tem uma relação de intimidade com a arte literária. Toma-se como base a vasta produção do simpliciomendense Da Costa Andrade, que juntamente com Jorge Amado e outros subliteratos da década de 20, fundou, na Bahia, o movimento literário da Academia dos Rebeldes. Fala-se também de Maria Pangula, rainha do repente, um ícone da literatura de Cordel nacional. Isto sem citar os moderno-contemporâneos, com um regionalismo fantástico, de ótima qualidade literária.

O sarau Ágora aconteceu no espaço cultural Canto da Arte, coordenado pelos poetas, compositores e músicos integrantes da banda de rock Uns Pereira da Silva: Dudu e Teté, com o acompanhamento musical de Dudú e do jovem compositor Nailson, espaço que difunde a nova cena artística da cidade. Depois, os produtores do evento convidaram o Clube Ágora para fazer uma amostra poética no palco principal, em praça pública.
O festival de cultura de S. Mendes consolida o movimento de fortalecimento da cultura do Piauí, e cria uma ponte para apregoar e trocar experiências em todos os níveis culturais, tornando-se grandioso em virtude da simplicidade e da servilidade dos organizadores e artistas, como disse o músico piauiense Emerson Boy: o recado está dado, é simples, é simplificado.

Valorizando a poesia, o festival dita um novo rumo para outros festivais do estado que se restringem somente à música, pois a poesia também deve ser dignificada e difundida, sendo que está na arte poética o nascedouro de todas as artes: “a poesia é a mãe das artes e das manhas em geral.”

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Poesia Baiônica

Vivaldo Simão, tem 26 anos, é músico, poeta, jornalista e professor de Português. Nasceu em Crato- Ceará, mas migrou ainda pequeno pra cidade de Oeiras - Piauí, onde vive desde então. Lá, ao lado dos amigos-poetas-universitários Edilberto Vilanova (homenageado no último sarau Ágora) e Rogério Freitas, desenvolve um trabalho poético no blog Baião de três (www.obaiadetres.blogspot.com). Recentemente teve seu poema Das vertigens e fumaças publicado na coletânea Talentos - As melhores poesias do primeiro concurso digital, livro publicado pela Editora paulista MM.
Confira um pouco da poesia baiônico de Vivaldo Simão:

Das vertigens e fumaças
Meus amores duram pouco
Têm o tempo de um cigarro
(e eu largando baganas pelo caminho)
E também trazem consigo
Vertigens passageiras
Mas no fim viram fumaça peito afora

Certa vez me dei ao vicio
E me achei fumando filtros noite adentro
Até morrer de cansaço
Até perder um pedaço
Do que eu tinha de sagrado
Agora meus amores são tão curtos
Como o tempo de um cigarro


Poema mudo

"O que é que se diz
Quando todos os poetas já disseram tudo?"
Silenciei e fiz esse poema mudo

Lady Godiva
a lua, Lady Godiva, cavalga no céu
Sob os olhos de ninguém
A lua em pêlo, a pele pálida
Transpira desejo no espaço
Exala perfume do enlace de sexos
A lua a lamber o céu
Espaira-se a espreita de olhos famintos
Aos quais possa cegar

Porto
Quando caírem os dentes
Restará amor no peito
E quando minguarem os sexos
Ainda haverá desejo
De ser extensão do outro
Ainda haverá o beijo

Ói que o rio ligeiro desabou num mar
Tão maior que os continentes que abrigam os rios
O mar é pleno!!!
Já não corre, já não busca
O mar é porto
Posto sobre a terra
Beija o horizonte e a praia
E bebe o azul do céu

Quando vierem as rugas
Quando emergirem os rasgos
Indícios do tempo passado presentes
Não te pintes
Não te espantes
Se eu quiser teu corpo
Como queria antes
E brincar na tua pele sem retoques

E quando o velho peito
Sucumbir de cansaço
Antes de dormir
Façamos um pacto
Sempre seremos nó
Brincaremos numa brisa
Quando formos pó.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Quinta de Poesia

Nesta quinta-feira (24), a partir das 20:30, no Espaço Cultural do Restaurante Nova Brisa, na Av. Pres. Kennedy, o sarau Ágora homenageará o poeta de Simplício de Mendes Edilberto Vilanova. A homenagem a ser prestada representa a ideologia apregoada pela estética do Clube Ágora, que progressivamente resiste e se firma, na peneira do tempo, como um sistema literário, através da fusão de agentes integracionistas conscientes da função da arte na sociedade contemporânea: poetas reunidos em torno da poesia, utilizando-a como instrumento de modificação sócio-cultural, com características de temática e estética em comum.
Edilberto Vilanova é mais um poeta, que esquecido no sertão piauiense, permanecia no anonimato e agora adentra o cenário da Literatura de expressão local e serve, num prato fundo, seus versos para aqueles que como ele fogem do caos do mundo moderno cavalgando nos cavalos da poesia.
Na música, a noite será embalada pelos acordes e cordas da voz da jovem cantora de São João-PI: Ingra.

Edilberto Vilanova integra juntamente com os amigos e poetas de Oeiras Vivaldo Simão e Rogério Freitas o blog Baião de Três, que funde em sua estética diferentes estilos poéticos. Dentre os trabalhos de Edilberto no campo da Literatura, destaca-se o livro de crítica literária “A terceira Margem do Rio Subterrâneo de O.G. Rêgo de Carvalho e a peça de Teatro “O Pequeno Príncipe do Sertão. Conhecedor da obra completa do poeta pernambucano João Cabral de Melo Neto, Edilberto o aponta como influência da sua atual produção poética, assim como o poeta piauiense H. Dobal, que, segundo ele, muito o tem ajudado na busca de uma linguagem definida e na tentativa de escrever poemas concisos. Vejam alguns dos seus poemas:

Namoro de astros
A gravidade do amor
paira sob o lençol celestial
duas luminárias seculares
velam as noites

Um cavaleiro cavalga na pele crua da Lua
no seu cavalo branco
de espada em punho
São Jorge devorador de dragões

Vestido de luz
nosso romance flutua:
você Vênus
baila entre as galáxias, nua

Iluminados pelo sol
seguimos lado a lado
passeando pelas eras
você Dalva, eu Lua


Sede

Ainda deságuo quando você demora
a descansar seu coração selvagem
em meu peito
pois sei que teu cais
é qualquer porto
qualquer poço
mas você sempre volta
e não tem jeito mesmo
minha sede cede a qualquer encanto seu
tenho a sede dos oceanos
você é minha sede
sede minha represa
sou mulher oceano
e nem a tempestade sacia minha sede
pois quem chove sou eu
a tempestade sou eu
vem cedo navegar em meu pano
deixa teu navio-coração
descansar no peito meu


Reza velha
Nosso amor
desprotegido pelos santos
sem colar benzido no pescoço
quebrou o encanto
e não tem mais reza
que cure esse quebranto

segunda-feira, 7 de junho de 2010

FESTIVAL DE INVERNO DE PEDRO II

De três a seis de junho, o Ágora esteve na cidade de Pedro II prestigiando um dos eventos culturais mais emblemáticos do estado do Piauí: o Festival de Inverno. É marcante o clima ameno, típico de região serrana, que paira sobre a cidade. Assim como a hospitalidade do povo e a integralidade das classes sociais, onde a cultura tem uma mesma cor: gente. Efetuando um exercício de alteridade, fundindo no mesmo espaço diversas manifestações culturais, no qual passearam o erudito, o popular, o local e o universal.

A visita do Ágora ao Festival foi muito proveitosa, estabelecendo interação com vários artistas, saboreando uma verdadeira salada artística, através do contato com músicos, artistas plásticos, escritores e poetas de diversas épocas. No Festival, fechou-se com o poeta a ser homenageado no sarau do mês de agosto: Durvalino Filho, e com os músicos que tocarão no Sarau: Rubem Lima e Geraldo Brito.
O poeta, letrista e publicitário Durvalino Filho editou na década de 70, o jornal alternativo mimeografado GRAMMA, juntamente com nomes marcantes da cultura piauiense como Edmar Oliveira, Paulo José Cunha, Arnaldo Albuquerque e outros, contando também com a relevante contribuição de Torquato Neto. O poeta é autor do livro Caçadores de Prosódia.

Dentre as manifestações que ocorreram em Pedro II, destaca-se a iniciativa do poeta Ernâni Getirana, professor e pesquisador de cultura e identidade, que criou com o objetivo de valorizar a cultura local neste Festival de Inverno, o projeto: A Tenda da Cruviana.
Conheça A ESTÉTICA DA CRUVIANA nos seguintes endereços eletrônicos:
http://getirana.blogspot.com
http://cruvianadepedroii.blogspot.com
Ernâni Getirana é professor, pesquisador de cultura e identidade, autor, dentre outros livros, de “Estripulias de Rosa Doida” e “Lendas da Cidade de Pedro II” e de uma dissertação de mestrado sobre pequenos garimpeiros de opala de Pedro II. Também é poeta. Foi o homenageado no sarau Ágora de Novembro de 2009. Eis alguns de seus poemas:

Insônia

Vozes vazam o ventre da noite,
Passos nas ruas do teu coração
(de)lírios brancos brotam ao luar

do outro lado do espelho
teu corpo(estranho objeto) pondera
o canto do galo decreta teu outro mundo solar

sonho


talho nas telhas
o sol penetra e invade minhas retinas
e as meninas passeiam
cegas e surdas por entre os girassóis

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Poesias:

João Carvalho
Oeiras-PI



A Medida do Homem
A Luciano Almeida


No silêncio da noite
um poema insiste em não calar

Sapos coaxam, palmeiras cantam
a noite cai e diz:

Uma história não é estória
escrita na água

Durma, poeta!
você tem a medida do homem


Serial killer

eucaliptos:
soldados
serial killer
da flora e fauna


Visão III


Oeiras

luz e treva
numa zona de tensão:

à noite sucede o dia

CLUBE ÁGORA

domingo, 30 de maio de 2010

Sarau Ágora









Há alguns anos, o sarau lítero-musical Ágora, realizado pelo Clube literário Ágora, acontece na última quinta-feira de cada mês, no Espaço cultural do Restaurante Nova Brisa, incumbido de resgatar, revelar, prestigiar, agregar no universo da literatura de expressão local, poetas dotados de relevante e instigante produção artística, exploradores e desbravadores do mágico e hermético território da palavra, cheio de horizontes.

O sarau Ágora já prestou homenagens a poetas consagrados no panorama literário piauiense, alguns vistos como paradigmas no cenário artístico, tais como o pai da poesia moderno-contemporânea no Piauí, H. Dobal, a escritora/poeta Graça Vilhena, o poeta William Melo Soares, dentre outros. Também, têm prestado homenagens na capital piauiense, a poetas de cidades do interior do estado, como União, Oeiras, Simplício Mendes, Piracuruca, Parnaiba, etc.

Nesta quinta-feira (27) o Clube Ágora, que tem na comissão organizadora os poetas Edilberto Vilanova, Graça Vilhena, João Carvalho, Kátia Paulo, Rogério Freitas, Reginaldo Leal, Vivaldo Simão e William Melo Soares, homenageou no Espaço- arte do restaurante Nova Brisa o poeta Cleyson Gomes. Seu primeiro livro “Poemas cuaze sobre poezias”(primeiro lugar no concurso literário “Novos autores –prêmio cidade de Teresina/2008”) será lançado em breve. Estes são alguns dos poemas do livro supracitado:

PRONOME I

Eu,

que não me encontrei

numa classificação definida,

busco no caso reto

a obliquidade do mim:

naufrago na conjugação

do verbo amar

perdendo-me

num pretérito mais-que-perfeito.

Eu,

que não vivo

os momentos até o fim,

encontro-me ilhado

num abismo egocêntrico:

percebo o singular

necessitando do plural

e mesmo assim

o EU vive em mim.

COLAPSO

Quando olho pra dentro

vejo tudo de fora

um amor suplementar

muito tempo demora

viver

sorrir

amar

morrer

este poema devora.

No mesmo sarau, aconteceu o lançamento dos livros: Onde Humano, do poeta de Alto Longá: Luiz Filho, o romance: 15:50, de Eneas Barros, de Teresina, e o projeto Poesia na caneta, do poeta de União: João Batista de Carvalho. Na música, o show da banda MPBLACK, constituída pelos músicos: Wanderson, Keenison e Amsterdan.




quinta-feira, 27 de maio de 2010

O que é Ágora?


Ágora, na Grécia antiga, era a praça onde os cidadãos se reuniam para discutir os problemas da coletividade. Ágora, agora, é a praça do Clube Ágora, que tem como objetivo geral: revelar, resgatar e prestigiar valores culturais piauienses. Especificamente, objetiva editar, divulgar, dignificar a poesia piauiense e interagir escritores/poetas de Teresina e do interior do Piauí.

Segundo a opinião de estudiosos, a Literatura piauiense é um conceito em formação. "Literatura é um conjunto de obras de arte, em prosa e verso. Arte quer dizer emoção estética, transcendência ou recriação da realidade, estilo plástico e, sobretudo, capacidade de comover o espectador”(O.G. Rego de Carvalho). O círculo de uma escola literária não se fecha com a publicação de uma obra. É necessário haver um sistema literário, com a publicação de obras relacionadas entre si e um público leitor.

O Clube Ágora tem como patrono o poeta moderno-contemporâneo H. Dobal, que praticava uma poesia inteiramente contrária aos cânones estabelecidos da poética tradicional vigente na época– a parnasiano-simbolista.

E à partir de hoje, o Clube Ágora utilizará também o espaço virtual através desse blog com a consciência de que a poesia não resolve, mas revolve.