quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Na Rota da Cultura

Certa feita, H. Dobal, poeta que engendrou a matriz inovadora da poesia piauiense, inferiu, ao refletir a respeito da função da poesia, que se a mesma servisse apenas para fazer amigos já justificaria sua função. Talvez seja esta a função de força maior da arte: fazer amigos. E partindo deste pressuposto a arte, pondo aqui de forma específica a arte poética, gera um amálgama de ações multifuncionais com o poder de descerrar significativas mudanças numa sociedade, já que o agente destas mudanças é o ser humano consciente do seu papel no espaço cultural que está inserido.

Em sua nova andança, o Clube Ágora aportou na cidade de Simplício de Mendes, no festival de cultura da cidade: o terceiro Simplificado, onde expôs a publicação da nova edição do jornal alternativo: Ágora, e a convite da organização do evento realizou um sarau lítero-muiscal, homenageando os poetas da terra: Weslei Rodriguês, Márcio Mendes (DODÓ) e Sebastião Mendes (Tião).

A realização do sarau em S. Mendes despontou como consequência da amizade de poetas que se encontraram nas veredas do mundo e se fizeram amigos, companheiros de arte e vida. No cenário cultural do festival fundiram-se diversas cabeças, de diferentes produções poéticas no prato fundo da poesia: coabitaram o mesmo espaço: o clássico, o experimental e o regional; poetas consagrados e insurgentes, estabelecendo um intercâmbio entre poetas de Simplício Mendes, Oeiras e Teresina.

A ação da organização do festival é louvável, visto que S. Mendes tem uma relação de intimidade com a arte literária. Toma-se como base a vasta produção do simpliciomendense Da Costa Andrade, que juntamente com Jorge Amado e outros subliteratos da década de 20, fundou, na Bahia, o movimento literário da Academia dos Rebeldes. Fala-se também de Maria Pangula, rainha do repente, um ícone da literatura de Cordel nacional. Isto sem citar os moderno-contemporâneos, com um regionalismo fantástico, de ótima qualidade literária.

O sarau Ágora aconteceu no espaço cultural Canto da Arte, coordenado pelos poetas, compositores e músicos integrantes da banda de rock Uns Pereira da Silva: Dudu e Teté, com o acompanhamento musical de Dudú e do jovem compositor Nailson, espaço que difunde a nova cena artística da cidade. Depois, os produtores do evento convidaram o Clube Ágora para fazer uma amostra poética no palco principal, em praça pública.
O festival de cultura de S. Mendes consolida o movimento de fortalecimento da cultura do Piauí, e cria uma ponte para apregoar e trocar experiências em todos os níveis culturais, tornando-se grandioso em virtude da simplicidade e da servilidade dos organizadores e artistas, como disse o músico piauiense Emerson Boy: o recado está dado, é simples, é simplificado.

Valorizando a poesia, o festival dita um novo rumo para outros festivais do estado que se restringem somente à música, pois a poesia também deve ser dignificada e difundida, sendo que está na arte poética o nascedouro de todas as artes: “a poesia é a mãe das artes e das manhas em geral.”

Nenhum comentário:

Postar um comentário