segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Lançamento de Antologia Poética

Nesta quarta-feira (15) ocorrerá mais uma edição do SARAU ÁGORA, no espaço cultural Boi Bumbá, a partir das 20:30, com o lançamento de uma antologia poética, destacando a poesia dos poetas que foram homenageados pelo Ágora durante o ano de 2010.

Poetas de União

Pedindo perdão aos nossos internautas de plantão, pelo atraso na atualização do blog, retomamos as atividades blogueiras com a exposição de um comentário crítico do poeta João Batista de Carvalho sobre a poesia dos poetas homenageados na edição do sarau de Novembro: os poetas de União Marcos Roberto e Marcos Antonio (Marcão). Assim como, com a mostra de alguns poemas.


DOIS MARCOS NO ÁGORA

Ao homenagear estes dois poetas de União (Marcão e Marcos Roberto), o Sarau Ágora reafirma aquilo que o tem destacado dos demais eventos literários do Piauí, que é a busca pela revelação de poetas da capital e do interior. Reafirma também sua trajetória de resistência e perseverança com a própria Poesia e o que esta pode suscitar de beleza e alegria aos que sabem que a vida é mais vida quando reinventada pela palavra.

Ambos ainda inéditos em livro, Marcão e Marcos Roberto são representantes da boa safra de poetas que vem surgindo em União, nos últimos anos.

Ler alguns poemas do Marcão é como entrar, à noite, no último quarto de uma casa abandonada e, de repente, ouvir uma voz soltar murmúrios e gritos acumulados de sonho e solidão; uma voz que, vez em quando, durante o dia, vai até o pátio ensolarado das palavras e, usando-se daquelas que lhe são mais necessárias, enfeita seu quarto de Poesia, porque é disto que as palavras lhe servem: de abajur.

Em Marcos Roberto, alguns poemas têm como eixo a metáfora do bar. Mas não de um bar onde se exila e se busca fugir dos dramas e tramas da vida. Ao contrario, o bar de sua poesia é puro reduto de resgate do que é essencial para a convivência com o outro e consigo mesmo. Nele há muito que se provar, inclusive doses de erotismo, de devaneio, de considerações sobre a condição de homem e de poeta...

Dois poetas: dois rios cujas águas procuram o mesmo Mar-Poesia, e que, ao juntarem-se neste Mar-Ágora, formam uma espécie de Delta, exibindo então essas vinte ilhas-poemas, nas quais o leitor (aventureiro que é por natureza) poderá brincar de mergulhador, de pescador, ou até quem sabe deixar-se seduzir pelas sereias maliciosas que moram e cantam nessas águas.

Dois Marcos: dois arcos que ora se retesam com a flecha da palavra em riste rumo ao alvo, que é a sensibilidade e a inteligência que mora em ti, amigo leitor, a quem, embora sendo seletivo e podendo, assim, muita vez desviar-se de certos textos, humildemente peço para receber, de alvos abertos, as vinte flechas-poemas que ora estão sendo atiradas por meio desta cartilha.

João Batista Sousa de Carvalho


MARCOS ROBERTO DE SOUSA BRITO

Marcos Roberto de Sousa Brito, unionense de nascimento e coração, é casado e pai de duas filhas. Ou seja, ladeado por mulheres que lhes são inspiração e vida.
Funcionário Público Municipal, técnico em contabilidade, é estudante de Pedagogia na UESPI, tendo já “desistido” do curso de Letras, também na UESPI. Aprovado, vai começar Matemática pela UFPI.
17 de Dezembro fará 39 anos.
Bem vividos.
Aprovado para professor, ainda não teve coragem de se efetivar. Lecionou no Estado, e, embora seja sua paixão, junto com a literatura, constata:
“Embora as letras sejam minha paixão, são os números que me sustentam”.




DEFINA-ME

Me defino
Como olho para mim.
Por fora, pouco, fino,
Menino.

Por dentro
Não me olho,
Me sinto...

Mais amargo que absinto
Velho,falho,
Sozinho!

Não me defino
Com o que sinto,
Nem mesmo sinto o que realmente sinto.

São fugazes os meus sins
São efêmeros os meus nãos.

Quem sou eu?

Por fora um menino
Por dentro um ancião...

E na cabeça de ambos
Uma identidade: poeta!
Sem luz, sem pena, sem voz...


O ANTI-HERÓI

Ele tinha em mim um herói.
Eu não era. Era fraco,
Nunca tive sua força.

Sempre nas brincadeiras,
Eu era mocinho.
Ele queria que eu fosse do bem.
Ele não era vilão.
Sempre me julgou bonito.
O satisfiz.
Resgatando a pretensa beleza
Em suas netas.

Ele me quis intelectual.

Isso fui... nos bares que ele sempre combateu
Mas, que não pôde se afastar.

Até o último minuto
Fui filho sem saída
Fui guerra vencida.

Fui único, na ingrata posição
De representar o papel de “Quixote”
Para continuar brigando com os moinhos
Que o atormentou a vida inteira...


MARCOS ANTONIO RODRIGUES SILVA (MARCÃO)

Natural de Teresina, mas há quinze anos reside na cidade de União.
É Técnico em Eletrônica. Foi militante do Movimento dos Estudantes Secundaristas no inicio dos anos 80, chegando a participar da criação da UMES (União Municipal dos Estudantes Secundaristas) e fundar o Grêmio Estudantil do Colégio Estadual Zacarias de Góis (Liceu Piauiense), presidindo a sua direção por um ano, depois de ter participado do 25º Congresso da UBES (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas), em Juiz de Fora/MG.
Já teve um de seus poemas publicado no Jornal Ágora.
Participa da cena cultural da cidade de União, onde com alguns amigos criou o fan-zine “O Último Número”, veículo divulgador de poesias e outros gêneros, que atingiu oito edições. Foi premiado no Festival TRIDIART (Festival de Artes de União), obtendo o 2º lugar na categoria Poesia. Está prestes a fundar um espaço cultural, que leva o nome da fazenda que deu origem à cidade (Espaço Cultural Estanhado).
Está em vias de publicar seu primeiro livro de poesia.





FATIAS DESIGUAIS

Teu mundo é feito de coisas grandes
O meu, de coisas pequenas
Tu tens todas as noites de lua cheia
Eu, apenas um quarto minguante
Iluminado por estressados vaga-lumes...

Por aí tu vês o quanto é grande
A carência desse mísero coração
Que ainda assim sonha de boca aberta
E se alimenta à conta gotas
A cada momento que teu lindo rosto
De perfil, passa por aquela janela.


DISPUTA

Na altura deste campeonato
Só não quero correr o risco
De cair fora
Dos teus braços.